Apartamentos Studio, Quitinetes e Lofts, como surgiram esses pequenos apartamentos?
- Elouise Busso
- 22 de jan.
- 4 min de leitura
E porque Studios são tão populares hoje em dia?
Quem está a procura de um novo apartamento na cidade de São Paulo ou mesmo em outra grande metrópole no Brasil pode ficar muito impressionado com as metragens quadradas disponíveis... Apartamentos de 30, 20 até 15 m² são facilmente encontrados nas grandes cidades e mesmo com a atual expansão imobiliária (Em são paulo tem um prédio novo subindo em cada esquina!) pode ser difícil encontrar um apartamento que parece ser adequado para nossas necessidades.
De acordo com o anuário do mercado imobiliário de 2023 do SECOVI-SP*, das 73,2 mil unidades novas lançadas por construtoras na cidade de São Paulo cerca de 55 mil tinham 45 m² ou menos e dessas, cerca de 12,7 mil unidades tinham menos de 30 m². Os apartamentos pequenos estão cada vez mais comuns em uma cidade em plena expansão, mas de onde surgiu esse conceito de apartamentos compactos? São invenções dos últimos anos? Na verdade não! Então vamos contar um pouquinho da história desse conceito de morar tão comum na atualidade!
Para saber da origem desses apartamentos compactos, precisamos voltar lá na década de 1930, sim, praticamente um século atrás! Vamos direto para as grandes metrópoles norte americanas de Nova York e Chicago.
Nessas cidades o processo de urbanização estava muito intenso devido a grandes mudanças no setor industrial que atraiam cada vez mais moradores para as grandes cidades em busca de oportunidades fora do setor rural. Dessa maneira, a demanda por moradia cresceu muito mais rápido do que a construção civil da época poderia acompanhar e a necessidade por uma solução rápida surgiu. Foi aí que alguns arquitetos e engenheiros decidiram fazer um experimento que se mostrou muito eficaz para o problema: A adaptação de quartos de hotel em pequenas unidades de moradia unifamiliar.
Anúncio de um "apartment hotel room" em Nova York nos anos 30. No Upper Wet Side, peça bagatela de $50 dolares por mês!
Adaptar os poucos metros quadrados de um quarto de hotel para ter a funcionalidade total de uma residência não era tarefa fácil, ainda mais se pensarmos em como era uma rotina residencial em que muitas tarefas tinham que ser desempenhadas totalmente a mão. Para amenizar esse problema os arquitetos decidiram usar um recurso muito valioso e abundante que tinham em mãos: uma cidade em plena expansão cheia de novos serviços para seus moradores. Lavanderias, restaurantes, bodegas e parques substituíam as áreas de serviço, grandes salas de jantar, salas de estar e quintais.
Era claro para todos , porém, que não era possível simplesmente eliminar certos ambientes de uma casa. Por mais que existissem muitos restaurantes disponíveis na cidade, a maioria deles não tinham espaço nem para uma ou duas mesas com cadeiras dentro do estabelecimento... E para as famílias, restaurante nenhum conseguia substituir uma boa refeição feita em casa. Dessa forma, a cozinha, o coração de toda casa, passou por um processo de miniaturização: reduzida a um equipamento único que concentrava fogão, geladeira, pia e armário, um conceito que os arquitetos nomearam de Kitchennette, variação da palavra em inglês para cozinha, kitchen,
Kitchennette dos anos 1930. fogão, geladeira, pia e armário em uma peça só!
Com essa quebra de paradigma surgia um novo conceito de morar, que se espalhou pelo mundo e evoluiu ao longo das décadas. Nos anos 60 os pequenos quartos de hotel adaptados evoluíram para os lofts, levando consigo toda a nova mobília compacta desenvolvida nas décadas anteriores. Já nos anos 80 foi a vez dos flats, unidades que trouxeram vários serviços que antes eram buscados na cidades, ao alcance dos usuários ao toque de um interfone. Por último , nos anos 2000 surgiam os apartamentos studio modernos: dezenas de pequenas unidades com até 30m² unidas em um prédio que oferecia áreas complementares como piscina, academia, salões de jogos e festas dentro do próprio condomínio. Familiar, não é?
Em São Paulo, esse modelo de habitação em condomínio foi impulsionado pelo plano diretos da cidade, que precisava expandir a oferta de moradia com pouca oferta de terrenos disponíveis. Para os investidores também fazia sentido agregar toda a construção em uma única obra e poder vender as unidades para diversas famílias. Outro fator que determinou a popularidade desse modelo de apartamento foi o fato de que o valor por metro quadro nas grandes cidades aumentou muito na última década, com um aumento maior ainda em localizações privilegiadas da cidade. Assim faz sentido para o comprador sacrificar alguns metros quadrados para conseguir uma localização mais adequada ao estilo de vida do trabalhador das grandes cidades.
E você que mora em um apartamento Studio em São Paulo hoje sabia que isso só foi possível porque estava faltando espaço para trabalhadores em Nova York nos anos 30?? Conta para nós aqui nos comentários!
*Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais
Fonte: Silva, Joana M. de C. Habitar a metrópole: Os apartamentos quitinete de Adolf Franz Heep. São Paulo, 2013
Fontes das imagens: para fonte original das imagens, basta clicar nas fotos.
Esse texto não foi escrito por um robô.
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